A 17 de Abril, por iniciativa da Via Campesina – organização internacional formada principalmente por organizações agrícolas e que a CNA integra no espaço europeu – comemora-se o Dia Internacional de Luta Camponesa em homenagem aos 19 Trabalhadores Rurais Sem-Terra, membros do MST, assassinados pela polícia e por “jagunços” a 17 de Abril de 1996, em Eldorado dos Carajás, no Estado do Pará, Brasil.
Luta região a região, Povo a Povo; luta mais global pelo acesso dos Agricultores à terra, à água, às sementes, às espécies e raças autóctones. Luta pela afirmação e pelo respeito, a exigir aos poderes políticos dominantes, pelos direitos cívicos, sociais, económicos e políticos de muitos milhões de Agricultores que continuam a ser excluídos, espoliados e maltratados na Europa, em África, na Ásia, nas Américas, na Oceania ou seja, em todos os continentes e regiões.
Luta que também é nossa e que passa pela conquista de melhores preços à produção agrícola de base familiar; por mais investimento público no agro-rural; pelo direito à Soberania Alimentar de Portugal e da sua População bem como de outros Povos e Regiões.
Luta contra a especulação com os bens agro-alimentares. Especulação com base na OMC, Organização Mundial do Comércio, na Bolsa de Chicago (cereais), no FMI e no Banco Mundial, instituições anti-democráticas que sobretudo promovem os interesses e o lucro de escassas dezenas de grandes empresas e multinacionais do agro-negócio e da alta finança internacional, enquanto expandem a trágica “sementeira” da fome pelo Mundo.
Luta por um futuro melhor porque é possível conquistá-lo, dia a dia.
CNA ADERE A CAMPANHA EUROPEIA
PELAS SEMENTES LIVRES
Este ano, as comemorações do Dia Internacional de Luta Camponesa na Europa ficarão marcadas pelos protestos contra a chamada “Lei das Sementes”. Esta lei está a ser preparada pela Comissão Europeia e, ao que tudo indica, constituirá mais um ataque às sementes tradicionais em favor das sementes industriais, como sejam as sementes transgénicas patenteadas/privatizadas pelas multinacionais do ramo.
Sob o pretexto da eliminação de concorrência “desleal”, de um mercado “justo” e da protecção da saúde pública, pretende-se agora ilegalizar a reprodução, conservação e posterior utilização de sementes de variedades convencionais e não registadas.
Lei das Sementes que, a ser imposta, também constituirá mais um atentado à Biodiversidade
Trata-se de mais um atentado – um verdadeiro roubo institucionalizado - ao direito dos agricultores a produzir, de uma tentativa de privatizar mais um recurso natural, as sementes, colocando 75% dos Agricultores que no mundo ainda guardam e utilizam as suas próprias sementes na dependência das indústrias que têm saqueado os recursos genéticos através das patentes sobre a vida.
Por estas razões, a CNA aderiu à “Campanha Europeia Pelas Sementes Livres”.
Coimbra, 15 de Abril de 2011
A Direcção Nacional da C N A